Emily

Emily
Olá sou Emily, gosto de tomar banho de chuva, ler, escrever, conviver, gosto de preto, de frio, de gelo, de noite, de sinceridade, sou esperta e cheia de liberdade. Minha frase: Um homem não morre quando deixa de existir, mas quando deixa de amar

Nina

Nina
Oi, povo! Sou Nina e gosto de milhares de coisas, mas, principalmente, amo ler e adoro ficar conversando besteira com as minhas amigas. Sou completamente doida, um pouco tímida e às vezes (admito) muito idiota. Minha frase: "É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar para pensar, na verdade não há" (Renato Russo - Legião Urbana)

LOUÍ





 
 Agradecimentos:
Obrigado Deus por ter me dado esse dom
Obrigado Pai pelo computador (foi essencial)
Obrigado as pessoas que me ignoraram todo o ano, isso me fez forte... Uma guerreira
Obrigado Dreza por ter sido a melhor amiga e a mais leal de toda a minha vida, obrigado pelas opiniões, obrigado pela paciência com minha cabeça oca, obrigado pelo apoio, depois que eu conheci você (nem me lembro quando) soube que existe amizade eterna =*
Obrigado Bia, obrigado mesmo, por ter tido uma paciência lendária comigo, obrigado Bia por com um gesto (mesmo que você não saiba) Ter me tirado da tristeza eu jamais vou esquecer isso.
 Obrigado Iris por ter jogado luz na minha vida, você é, foi, e sempre será a amiga perfeita. 
Obrigado Night por ter me ensinado a andar olhando para o chão
Obrigado Jade por ter me ensinado que por mais que batam na sua cara você deve ceder a outra face
Obrigado Vitória por ser minha agulha no palheiro.
Obrigado Dayse por ter me ensinado a abrir o meu coração.
Obrigado Márcia por ter sido minha psicóloga e por ter devolvido ar para meus pulmões, sua frase ‘Sentem aí’ foi o hit da minha vida’
Obrigado Beth por todas as lições amorosas
Obrigado Carla por ter me ensinado que “O amor é para todos”
Obrigado Luan por ter arruinado meu juízo e ter me feito mais louca ainda.
Obrigado ao pessoal do Centro cultural da escola por ter sido tão paciente comigo, foi uma grande ajuda em pequenas palavras.


                                                  

                                                                    Capítulo 1


   Peguei a toalha felpuda nas mãos, meus dedos tremiam minha mandíbula disparava fortemente em batidas histéricas, não sabia mais se tremia pela prova ou pelo frio, enxuguei meu rosto primeiro e deixei que ele ficasse ali na toalha mesmo, saí do banheiro enrolada e quentinha, tudo bem, eu não era mais criança, não tinha a barra da saia da minha mãe para me esconder, eu estava na faculdade! Tinha que me conformar com isso, era só a ultima nota e eu estaria de férias, tudo bem que eu chorara rios de lágrimas depois que acabei aquele monstro, mas era só uma prova, nada de humilhações nada de drogados na porta da faculdade puxando suas roupas, nada de professores carrascos, seria tudo fácil, fácil demais.
   Me vesti e tranquei a porta do meu cubículo que chamam de apartamento, e pela primeira vez me perguntei se tinha feito a coisa certa saindo de minha cidade natal, e vindo estudar nesse mundo que é São Paulo, esfreguei meus olhos cansados e saí do prédio, era por volta de oito horas e a faculdade que eu estudava era bem perto de minha casa, mesmo assim era tudo muito perigoso, não havia sequer uma alma viva em toda a rua, as arvores se mexiam suspeitamente, abaixei a cabeça, coloquei as mãos nos bolsos do meu casaco e andei mais rápido sentindo o vento bater de frente no meu rosto, meus cabelos castanhos flutuavam, dobrei a esquina e andei e andei mais, sem olhar para absolutamente canto nenhum, imaginei como seria quando eu voltasse, eu sempre ia de taxi, mas hoje não havia dinheiro para nada.
   Meus pais sempre mandavam uma poupança para mim e eu em troca mandava minhas boas notas, mas o custo de vida na cidade me obrigou a trabalhar dando aulas particulares todos os domingos a um pirralho com duvidas em matemática, mas como o pirralho estava de férias, eu teria que me arrumar com o dinheiro de meus pais, suspirei de alivio ao chegar na frente do grande prédio da faculdade, encoberto por arvores lá estava meu destino, entrei pela grande porta, mal parecia o deus nos acuda que era na segunda feira, andei pelos corredores, pus uma mão na maçaneta e o frio na barriga apertou, abri a porta e não tive coragem de olhar nos olhos do carrancudo Adalberto, que segurava as provas como um policial que segura a “prova do crime”, vai ver que é por isso que há a semelhança entre nomes.
   - Abelardo – Ele anunciou, estremeci.
   - Beatriz... – Gelei, e aos poucos finalmente veio um...
   - Maysa? – Ele me procurou entre a sala, não acreditei que o cretino fez isso, me levantei encolhida cabisbaixa, não vi sua expressão, ele me entregou a prova dobrada, hesitei em abrir, mas haviam outras pessoas esperando sua nota, então abri e vi o oito e meio estampado na prova, e um pequeno parabéns em baixo da nota em vermelho, suspirei de alivio.
   - Parabéns Maysa...
   - Obrigado.  – Disse, e sai porta a fora e quando eu percebi que realmente estava sozinha no meio da rua soltei um grito de alegria, beeeem feeeeitooo idiota! pulei de um lado ao outro e em seguida abafei a reação e continuei andando, estava mais escuro do que de costume, e tudo que se ouvia pela rua era o som da minha respiração e os batimentos de meu coração, o som do vento nas arvores era cada vez mais forte e começava a ocultar minha respiração, senti a sensação de estar sendo observada, apertei o passo nervosa, não sabia o que fazer, não sabia se corria ou se gritava, olhei para trás não havia ninguém, então parei na calçada para respirar um pouco e então ouvi uma respiração forte, e não era a minha.
   Meus olhos pularam para o beco escuro, eles não desviavam do lugar, e então um feche de luz desapareceu e reapareceu novamente no mesmo lugar em uma questão de segundos, o sangue fugiu de meu rosto, meu coração palpitou, poderia ser um seqüestrador um estuprador, podia ser qualquer coisa, e então ouvi uma tosse seguida de uma respiração exaltada, era alguém muito doente, dei um passo em direção a rua, voltei para a calçada, afinal não era problema meu, e caminhei novamente, e no meio do caminho parei, não era isso que eu queria, corri para o beco me aproximando do escuro suspeito, e adentrei nele devagar, meu coração gelou, e então vi num beco o que ninguém gostaria de ver nunca na vida.


                                                                   Capítulo 2


  Sangue, muito sangue, se espalhava por todo o beco, meus dedos tremeram, segui o rastro vermelho, me joguei no chão ao lado do corpo, agarrei a mão fria, meu peito palpitava, senti levemente uma dormência nas pernas, estava escuro não consegui olhar o rosto da pessoa, coloquei dois dedos no pulso do individuo, estava vivo, meus pensamentos dispararam, meu celular estava no apartamento não teria como ligar para a ambulância, não tinha dinheiro para levar a pessoa ao hospital, só tinha uma opção, levá-lo para minha casa.
 Mas e se houvesse algum osso quebrado? Eu pioraria a situação, mesmo assim teria de arriscar, puxei o individuo pelos ombros, agora finalmente eu percebi que ele estava acordado, o suor se espalhava por todos os cantos de seu corpo, a respiração era forte e audível, ele tentava falar algo, mas sua voz era afônica, definitivamente ele era pesado de mais para mim, mas não havia ninguém na rua, tentei puxá-lo pelas costas, coloquei as mãos no abdômen e puxei, ele gritou, ah meu deus eu o machuquei, minhas mãos escorregavam devagar no seu suor, o agarrei mais forte e puxei para fora do beco, minha coluna doía, o arrastei com todas as minhas forças, minhas costas doíam com uma força enorme, e meus dedos já começavam a machucá-lo, mas agora faltava pouco, era só mais um pouquinho, pronto, cheguei a porta do prédio, e onde estava o imprestável do segurança quando eu precisava dele, o individuo arfava no chão, eu não poderia deixá-lo aqui, abri a porta do meu apartamento  (graças a deus no térreo) e o segurei pelo tórax o arrastando para dentro do apartamento e depois para dentro da minha casa e em seguida para meu quarto, o suspendi de encontro a um braço e com o outro o ajudei a se firmar na minha cama, foi com certeza o movimento mais difícil, esbaforida me joguei no chão.
  Pensei seriamente em dormir ali mesmo, mas o som de sua respiração me lembrava de que alguém aqui precisava de mim, me levantei, segurei o seu rosto entre as mãos, não tinha cara de mendigo, os dentes eram bonitos, no rosto não havia nenhuma cicatriz muito antiga, apenas um corte próximo a sobrancelha, ele balbuciou algo.
  - Fique quieto, não gaste suas energias. – Peguei o celular em mãos.
  - Não! – Sua voz foi um susto para mim, apesar de confusa era cética do que queria ou do que no caso não queria.
  - Eu preciso chamar uma ambulância. – Ele ficou exaltado.
  - Você... Vai salvar... Minha vida, se não ligar. – Minha ficha caiu, quem havia feito isso com ele não o deixaria vivo como testemunha, devia estar esperando no hospital mais próximo, larguei o celular, corri até a cozinha, peguei uma panela cheia de água, uns curativos, álcool e algumas coisinhas. Lavei sua ferida mais profunda, no rosto, e em seguida apliquei o curativo, rasguei sua camisa, seu corpo inteiro estava coberto por hematomas roxos, cacos de vidro, e cortes, comecei molhando a pele, e retirando os cacos, eu tinha muito medo de que a dor piorasse, e confesso que tinha um certo receio de olhar diretamente para seus hematomas, e ao mesmo tempo tinha medo de parecer que tinha nojo dele quando na verdade meus instintos maternos se despertavam aos poucos.
  Seus olhos eram tristes, e ele se mantinha sempre quietinho, a sua respiração já se normalizara, mas eu podia ouvir seu coração batendo no mesmo ritmo, virei ele de frente, peguei um copo cheio d’água, deitei-me ao seu lado e coloquei sua cabeça em cima do meu braço, e com a outra mão levei água a seus lábios, pela primeira vez entrei em contato com os seus olhos agradecidos, os olhos de um estranho, que de repente viraria meu motivo para voltar para casa mais rápido nas noites de sábado.
  Após ele beber toda a água, o ajudei a se virar e acariciei seus cabelos, a única parte que não estava machucada, seus olhos se fecharam aos poucos, e ele adormeceu, eu estava tão cansada, e tudo fora tão rápido que eu não tive tempo de pensar no perigo que estava correndo, podem me achar louca, mas eu não sei se consigo me arrepender do que fiz, peguei uma colcha e o cobri, em seguida ajeitei minhas costas doidas na cama, eu estava sonolenta, dei uma olhada no seu rosto sereno, e em seguida muito cansada deitei minha cabeça no seu pescoço, ele segurou na minha mão, antes que eu pudesse pensar em tirar minha cabeça de lá, meus olhos já pesavam de sono.
        

                                                 
                                                                     Capitulo 3


    Ouvi uma respiração ofegante, acordei devagar, parecia que havia três quilos de terra nos meus olhos, e com um súbito pulo me lembrei de tudo, olhei diretamente para os fios lisos e desgrenhados na minha frente, ele cheirava a lama, me aproximei dele e toquei seu rosto devagar com receio de machucá-lo, em seguida o virei para mim, ele dormia como um anjo, mas ainda tinha dificuldade para respirar, procurei os seus dedos por debaixo do lençol eles estavam frios, me levantei com cuidado para não acordá-lo mas algo me dizia que ele não acordaria nem tão cedo, peguei a panela, e fui recolhendo os restos de ontem, fui até a cozinha e lavei o pano ensangüentado, e dei uma olhadinha nele, tudo bem se controla Maysa, peguei o pano úmido e não resisti, fui até ele, passei o pano na sua testa suada, e aproximei mais o lençol do seu corpo, dei umas tapinhas de leve no travesseiro e o ajudei a se virar, tudo que eu sabia sobre um total desconhecido que eu abriguei na minha casa, é que ele tem sérios problemas, que gosta de dormir de lado e que soa com uma intensidade enorme.
   Peguei uma fatia de pão dormido, e fiz um pequeno sanduíche para mim e pela manhã isso bastou, bom agora eu posso falar que definitivamente a chegada do desconhecido alterou completamente minha rotina, antes eu acordava tarde, assistia meu programa favorito, locava um filme, preparava o almoço, dormia após o almoço e assistia o filme de tardezinha, mas agora eu tive que me contentar em assistir o jornal local e de tempo em tempos eu não me agüentava de curiosidade e ia checar se ele já havia acordado, e quando não ia até lá por curiosidade fazia o longo processo de trocar seus curativos,  colocar uma nova compressa de gelo nos hematomas maiores, ajeitar o seu travesseiro e verificar se ele estava bem quentinho.
  Bom... Pelo que percebi fui muito indelicada com vocês nem me apresentei direito, então vamos lá, me chamo Maysa, curso faculdade de letras, tenho 1,62 e peso 54 quilos, tenho olhos cor de mel, cabelos cacheados que batem no peito e não me considero nem tão feia e nem tão bonita, sou solteira e atualmente tenho alguns probleminhas de visão que me fazem usar óculos (só quando vou ler), agora que já estamos bem apresentados, posso dizer que aquele foi o dia mais tenso da minha vida, eu não conseguia assistir nada, não conseguia ler nada, e me sentia enjoada e ao mesmo tempo ansiosa para que ele acordasse logo, por volta das 2 horas da tarde, eu já havia feito tudo que se tinha para fazer na minha casa, então me rendi de vez, fui até a minha cama e me aconcheguei no espaço minúsculo entre ele e a parede.
   Eu iria esperar que ele acordasse, observei sua face, apesar da expressão de dor, eu podia sentir a serenidade nos seus olhos, seus lábios eram carnudos e vermelhos graças a um cortinho no meio do lábio inferior, me aproximei mais dele, encostando meu nariz no seu, me aconcheguei mais perto do seu corpo quente, puxei o lençol e me cobri também, Pude sentir seu corpo roçar no meu, devagar encostei meus lábios nos seus, senti a atração crescer no meu peito, movimentando meu coração.
   Virei para o lado, tinha ido longe demais, mas afinal o que foi aquilo? Que tipo de atração era aquela? Olhei para o lado, ele ainda dormia, sem conhecimento do que eu estivera para fazer, quando acordasse ele jamais saberia, eu mal o conhecia estava ficando louca, talvez louca não, mas carente sim, precisava sair, namorar, precisava conversar e conhecer pessoas novas, tudo isso era fácil de falar e difícil de fazer quando não se tem dinheiro.
   Durante dois dias eu tinha um defunto fedorento na minha cama e então tive que dormir no sofá, ele dormiu, e dormiu e dormiu mais, não acordou uma vez sequer, parecia estar enfadado, a minha instantânea loucura para entrar em contato com aquele par de olhos castanho esverdeados já acabara, agora eu me concentrei em preparar tudo para quando ele acordasse, comprei coisas que eu nunca imaginei em comprar, um barbeador, creme de barbear, desodorante masculino, sabonete com nome de homem, um kit de cuecas, que aliás eu chutei o tamanho, fiquei com vergonha de observar esse tipo de coisa num homem acamado e indefeso.
   No terceiro dia de sua estadia aqui, ele acordou, eu estava simplesmente desprevenida com um sutiã velho e um short curtíssimo rasgado quando ele acordou, fui dar uma olhadinha nele, já acostumada em entrar em contato com seus olhos adormecidos, quando seus cílios se movimentaram e as pálpebras se ergueram, não tive tempo de admirar as duas bolas hipnotizantes que eram seus olhos, apenas corri em direção ao banheiro e revirei o cesto de roupa suja a procura de um vestido o achei e joguei minhas roupas pros lados e o vesti com uma pressa sobrenatural voei em direção a minha cama, e me aproximei dele, ele respirava pela boca e acompanhava com os olhos meu percurso até ele, coloquei minha mão no seu rosto frio, ele mexeu o rosto pela primeira vez e cheirou minha mão, acariciei sua bochecha áspera pelas pontinhas da barba que cresciam.
   - Se sente melhor? 

Próximo capitulo, Terça...
   Emily

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